terça-feira, 3 de agosto de 2010

Histórias De Lydia

Sempre no mesmo lugar, na mesma hora... Ano após ano, à espera... Do que? De que?

Ficava ele a cismar, debaixo daquele carvalho antigo, naquela imensa planície verde, fumando seu cigarrinho de palha.

Os anos passaram e ele nem percebeu que a vida mudara que não era mais aquilo e que ela não voltaria mais... mas ...esperava, cismava, sonhava ... onde andaria aquela que era dona dos seus mais secretos sentimentos? Por que deixara de fazer parte do seu cotidiano?

Os pássaros já tinham se acostumado com sua presença ao final de cada tarde e até vinham cisar por perto e se recolher naquele carvalho; parecia que até esperavam por um final feliz ou quem sabe, gostavam daquela mesmice diária.

Mas naqueles momentos, depois de um dia de afazeres na velha fazenda, ele voltava seus pensamentos para o que já não mais existia: a casa cheia de movimentos, de tagarelice, de risadas e até de problemas grandes, pequenos e de toda a sorte de atividades.

Relembrava do Pedro brincando com a terra, construindo novas figuras de barro e que com seu giz desenhava mundos imaginários e de conquistas... Há quanto tempo não o via. Andava ele muito ocupado com a vida, com a cidade, com os barulhos, com a correria e vez por outra ligava para saber daquele que lhe dera a vida.

E Mari, por onde andaria aquela tagarela, aquela que sempre estava dançando e fazendo piruetas pelos cantos da casa, enchendo o ar com sua voz forte e vibrante?

Logo lhe vinha à mente o balanço que... de um lado para o outro carregava os devaneios da menina, os momento de pura liberdade e fantasia. A vida a levara para terras distantes em viagens com grupos de artistas. Estaria feliz?

Lala se fora mais cedo para aprimorar seus conhecimentos nas grandes artes musicais e vocais. Viajava levando a sua voz e sua arte por várias comunidades do mundo.

Um ano? Dois? Não lembrava mais da última vez que a vira, tão viçosa, linda, carregada de energia própria da juventude.

Mas a criadora de todas estas alegrias, a base, o esteio destes acontecimentos, já se fora para outras dimensões, e só o pensamento dele poderia alcançá-la e desejá-la presente. Mas ela estava lá, naquele por de sol, naquela quietude da planície, a vigiar, a esperar, a preencher aqueles momentos que o separavam da eternidade.

Acabou o cigarrinho, o sol já se despede, o frio se aproxima com a lua e a noite. Lentamente ele se levanta e caminha na semi-escuridão, à espera de outro poente, de outras lembranças e quem sabe da sua passagem para o infinito, para fazer parte dos milhares de pontos luminosos que brilham nas noites escuras......

Naquela noite tudo aconteceu! Inesperadamente a porta se abriu, dela saindo o inusitado, o apenas imaginado.

Novas possibilidades surgiram só por ter permitido esta porta se abrir.

Através Dela quantas novas dimensões nunca antes sequer sonhadas estavam ali prontas para serem vivenciadas.

Basta um pequeno passo e tudo pode acontecer, mudar, melhorar ou piorar!